Face ao conjunto de incêndios florestais (mais de 7.800) que se iniciou no passado dia 17 de junho de 2017, já classificado de catástrofe natural, a Cruz Vermelha Portuguesa está desde o início a cooperar com os restantes agentes de Protecção Civil em 19 fogos florestais, nomeadamente, em Pedrógão Grande/Góis, Mangualde, Setúbal, Fundão, Sertã, Tábua, Carvalhal, Mealhada, Tentúgal, Senhor da Serra/Coimbra, Semide/Coimbra, Tomar/Serra, Ferreira de Zêzere, Vila de Rei, Mação, Gavião, Fernão Joanes/Guarda, Sertã/Castelo Branco e Oleiros/Castelo Branco.
Numa primeira fase desta emergência a resposta da CVP consistiu no reforço de meios de emergência ao INEM/CODU, na localidade ou concelho afectados, colmatando a falta de meios locais na área da emergência pré-hospitalar por estes estarem empenhados no combate aos fogos.
A segunda fase foi a resposta da CVP como Agrupamento Humanitário no âmbito do SIPOS - Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro. Este apoio resultou nas seguintes principais valências:
- Equipas de Socorro e Transporte
- Na emergência pré-hospitalar, na evacuação primária e/ou secundária em ambulâncias de emergência;
- Na evacuação de pessoas das aldeias, em viaturas de 9 lugares;
- Na montagem de PMA’s – Posto Médico Avançado para a triagem e estabilização de doentes.
- Equipas Psicossocial na identificação, triagem e prestação de primeiros socorros psicológicos às pessoas deslocadas para os centros de apoio;
- Equipas de Apoio Logístico no levantamento, armazenamento e distribuição de alimentos, águas, roupas e máscaras à população;
- Equipas de Apoio à Sobrevivência na montagem de zonas de descanso para apoio ao efectivo CVP e à população desalojada ou deslocada;
- Posto Comando no comando e controlo das operações e na garantia das comunicações.
Números das operações de emergência CVP Mobilização
Acção
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Na terceira fase da emergência, da recuperação e retorno à normalidade, a CVP continua presente no terreno, trabalhando desde o dia 26 de julho em parceria com os municípios de Pedrógão Grande e de Figueiró dos Vinhos, e também com a Coordenadora de Saúde Mental.
Neste âmbito, tem sido prestado, de forma organizada e integrada, apoio psicológico dois dias por semana a cerca de 35 pessoas. Numa lógica de proximidade, as equipas da CVP deslocam-se até junto das pessoas sinalizadas pelas autarquias, que vivem em locais mais isolados e que, por razões de mobilidade reduzida ou falta de recursos, não conseguem dirigir-se até à Unidade de Saúde Familiar.
Após os primeiros socorros psicológicos prestados durante a catástrofe, o foco agora está na psico-educação destas, ensinando-lhes as competências e as ferramentas necessárias para saberem lidar com o trauma (e com a partida dos familiares emigrantes), gerir o stress pós-traumático, reconhecer e saber o que fazer com os sintomas que normalmente advêm de uma situação deste tipo (insónias, falta de apetite, falta de empatia com as pessoas que querem ajudar e problemas com a exposição directa ao cenário queimado e cinzento).
O apoio a pessoas isoladas, sobretudo idosas e dependentes, tem sido também uma prioridade da CVP, prevendo-se instalar 100 equipamentos de Teleassistência. Este serviço funciona 24 horas por dias, 365 dias por ano e garante um pronto auxílio em situações de urgência, emergência e solidão.
Além disto está ainda prevista a prestação de cuidados primários de saúde e o apoio logístico com a distribuição de vestuário e alimentos, quando estes serviços forem necessários.
Tendo em conta as implicações e as variáveis inerentes, a Cruz Vermelha disponibilizou-se também para oferecer os seus serviços de apoio domiciliário e médico em casa.
Finalmente, no âmbito do Fundo REVITA, a CVP será a entidade parceira responsável pela Coordenação Logística de Apetrechamento de Habitações, colaborando na análise dos requerimentos apresentados, identificando e mapeando necessidades, articulando com os doadores e potenciais doadores, planeando a logística das operações de apetrechamento, e as demais tarefas que se revelem necessárias para o sucesso desta missão, em estreita colaboração com os demais operadores e instituições envolvidas.
A instituição alerta ainda para as consequências e impactos na natureza destes incêndios florestais, como a perda da biodiversidade e a erosão dos solos, que, com a chegada das chuvas, poderá provocar situações preocupantes.
Neste contexto, a Cruz Vermelha salienta a importância da prevenção, com foco na educação e sensibilização da comunidade.
Fundo de Emergência da CVP para catástrofes – angariação de donativos
Para garantir a eficácia e a rapidez da sua resposta de emergência a esta catástrofe, a CVP activou desde logo o seu Fundo de Emergência.
Este Fundo é uma reserva de recursos financeiros sem afectação especial que está disponível para financiar a resposta de emergência a catástrofes, desastres e a outras situações excepcionais, permitindo levar os recursos e a ajuda necessária, de forma rápida e eficiente, junto das pessoas que têm a sua a vida, saúde ou dignidade ameaçadas.
Da disponibilidade e da capacidade deste fundo podem depender milhares de vidas, sendo vital que este dispositivo de urgência esteja preparado de forma permanente.
Assim, e em simultâneo com a resposta de emergência CVP, apelou-se à solidariedade da sociedade em geral para o reforço do Fundo de Emergência através de donativos.
Com o contributo de particulares, empresas, associações, bancos e outras organizações, foram angariados cerca de 455 mil euros.
A Cruz Vermelha Portuguesa agradece toda a solidariedade e voluntarismo demonstrados no apoio das suas operações.